Roberto Assagioli

robertoRoberto Assagioli sempre foi muito relutante em dar entrevistas sobre a sua vida. Acreditava que o foco deveria estar na Psicossíntese e sua obra e não em sua personalidade e vida privada.  Mas, apesar de relutante, no final de sua vida, ele concordou em oferecer algumas entrevistas para o psicoterapeuta Boston Eugine Smith. Assagioli morreu pouco depois, em 1974, e a biografia nunca foi feita. Então, o que sabemos de sua vida pessoal, é de suas próprias publicações e de pessoas que trabalharam e tiveram contato com ele. Homem gentil com sorriso acolhedor, pontualidade permeada de paciência face ao atraso de outrem, cordialidade, cortesia, capacidade de escuta, extrema bondade, simplicidade,  discrição, evitando falar de si. Com seu gosto pelo recolhimento e meditação no silêncio da noite, pela calma. Sua capacidade de irradiar, de ser benevolente, de exaltar qualidades e jamais defeitos, da sabedoria e amabilidade, do seu desprendimento e espírito de serviço, do bom senso de humor e do seu amor.  Assim, descrevem Roberto Assagioli, psiquiatra italiano, pai da Psicossíntese,  nascido em 27 de fevereiro de 1888, em Veneza. Em uma entrevista por Sam Keen em “Psychology Today”, dezembro de 1974,  Assagioli responde à pergunta sobre as principais diferenças entre a Psicanálise e a Psicossíntese: “Damos muito mais atenção ao inconsciente do que para o desenvolvimento do Eu Transpessoal. Freud disse, em uma de suas cartas: “Estou interessado apenas no porão do ser humano.” A Psicossíntese está interessada em todo o edifício. Tentamos construir um elevador que permitirá a uma pessoa acesso a todos os níveis da sua personalidade. Afinal de contas, um edifício com apenas um porão é muito limitado. Queremos abrir o terraço, onde você pode tomar sol ou olhar para as estrelas”.

 

Para ler a cronologia da vida de Roberto Assagioli acesse aqui.

 

FOTOS HISTÓRICAS

Roberto Assagioli | Infância e Juventude

Assagioli cresceu em uma família judia de classe média alta com interesse em arte, música e literatura. Recebeu aulas particulares, como era típico de seu tempo. A apreciação da beleza, arte e música foi estimulada desde cedo, e é claramente vista como uma parte da base da Psicossíntese.

Podem ter sido os estudos em Teosofia de sua mãe que, no início de sua vida, despertou o seu grande interesse em filosofias orientais e nas potencialidades espirituais mais elevadas da humanidade.  A Teosofia é uma filosofia que foi formulada no final do século 19, e que se desenvolveu em um movimento com raízes na América do Norte, depois se espalhando para a Europa e o Oriente.

Em sua casa, usavam-se várias línguas para conversar: italiano, inglês e francês. Ele era uma criança curiosa , ansiosa para aprender.
Aprendeu falar grego, latim , alemão, russo e sânscrito antes de completar 18 anos de idade.

Desde cedo gostava de escrever e, com 15 anos publicou o artigo ". Desejos Inconscientes e trabalho consciente " para o jornal de Veneza.

Em tenra idade, estava interessado em relações internacionais e viajou muito, também sozinho. Com a idade de 17 anos ele foi para a Rússia, e isso promoveu seus ideais de liberdade, criados através da não-violência e de sistemas sociais não-dogmáticos.
Suas muitas viagens lhe ensinaram que não importava em que país um ser humano provinha, no fundo, todos tinham o mesmo desejo de desenvolver seu potencial mais elevado.

Em 1904 seus pais se mudaram para Florença, onde viveu a maior parte de sua vida e onde cursou  faculdade de Medicina, no Instituto Superior de Florença, e recebeu seu diploma de médico, com especialização em neurologia e psiquiatria. Nesta universidade, já funcionava o primeiro laboratório de Psicologia anexo à seção de Letras e Filosofia, bem como o Museu Psicológico.

Educação e primeiros artigos

Quase ao mesmo tempo, em que se formava, terminou um artigo crítico sobre a psicanálise, considerado por ele limitado e inacabado. No entanto,  Assagioli estava profundamente envolvido na exploração e desenvolvimento das descobertas de Freud sobre a infância e o inconsciente. Sua principal crítica é que a psicanálise estava muito focada no lado patológico da psique, e não conseguiu se concentrar e fortalecer o que é saudável, como um caminho para a cura. Ele queria criar uma psicologia que contivesse os impulsos, mas também o amor, vontade, sabedoria e espiritualidade. Em outras palavras, uma psicologia com foco em todo o ser humano.

No mesmo período, ele escreveu seu tratado e teve sua prática psiquiátrica no Hospital Psiquiátrico San Salvis.

Em 1908, o psiquiatra italiano Sante De Sanctis organizou, em Roma, o Congresso Internacional de Psicologia e, sob a influência do americano William James, lançou, em Bolonha, a Rivista di Psicologia Applicata, na qual Roberto se tornou um assíduo colaborador. Contrariamente à tese da "vontade de poder", marcante na ideologia desta revista,  Assagioli propôs a fórmula "poder da vontade" considerando esta a expressão direta do núcleo espiritual que caracteriza o ser humano.

A orientação do seu pensamento, destacou-se, no artigo "Fantasia sobre o Rei interior", na qual cria uma alegoria de uma vivência misteriosa relativa a um jovem que ousa escalar a montanha com o topo perpetuamente oculto pelas nuvens, o qual volta à planície a dar a notícia de um castelo esplendoroso existente no topo oculto. Nesse artigo, encontra-se a semente da sua abordagem psicológica, em que o núcleo espiritual se serve da vontade e, através dela, de todas as funções bio-psicológicas para a expressão do potencial humano, de forma a dar à Psicossíntese um caráter, ao mesmo, tempo humanista, transpessoal e universal.

Em 1909, ele publicou suas novas ideias no periódico "La Psicologia delle idée-Forze e la Psicagogia".
Naquela época, o mundo acadêmico estava muito relutante em aceitar as hipóteses de Assagioli.

Já no início do século 20, ele publicou vários artigos, na fronteira com a Medicina, Pedagogia, Filosofia, Cultura e Religião que, mais tarde, formaram a base da Psicossíntese.

Em 1906, ele publicou seu primeiro artigo abrangente sobre Psicossíntese na revista Farrari, inspirado pelo artigo de Freud "Chistes e sua relação com o inconsciente", intitulado "Gli effete del riso el le loro applicazioni pedagoiche". Tratava-se sobre o significado do riso e sua relação com a educação. O artigo é conhecido hoje sob o título "Smiling Wisdom".

Desenvolvendo a psicossíntese

Numa fase inicial, Assagioli teve uma sensação clara de que o ser humano não é apenas um alto animal ou uma máquina. Isso foi em oposição ao conceito dominante, ou seja, que a Medicina e a Psicologia poderiam ser entendidas da mesma maneira como outras áreas técnicas. 

Em 1911 ele começou a formular os conceitos de Psicossíntese, e ele continuou a dedicar toda a sua vida profissional para essa tarefa.
A sua tese, a primeira feita na Itália sobre a Psicanálise de Freud, foi, em grande parte, preparada na clínica universitária de Zurique, sob a orientação de Eugene Bleuber, onde conheceu Carl Jung, de quem ficou amigo e com quem teve muita afinidade.

Defendendo sua tese, prosseguiu a especialização em Neuropatologia e Psiquiatria, fazendo estágio no hospital Burgholzli, em Zurique.
Funda, no decorrer desta década, a revista "Psiche e o Circulo di Studi Psicologici" demarcando-se da Psicanálise de Freud, dando corpo e alma à abordagem psicológica que, inicialmente, designou Psicagogia e depois Psicossíntese.

Em 1926, Assagioli abriu o primeiro instituto em Roma, Istituto di Cultura e Terapia Psichica, que mais tarde tornou-se Istituto de Psicosintesi.

Na carta de convite para a abertura e no seu discurso de posse, Assagioli dizia como seria desenvolver a Vontade. Isto mais tarde rendeu um de seus mais importantes livros "O Ato da Vontade".

Em 1927, o Instituto publicou um livro chamado "Um Novo Método de Tratamento - Psicossíntese".

Em 1928, ele dá uma série de palestras no Instituto, chamada "As energias latentes em nós e sua utilização na Educação e na Medicina", que, com o tempo, viria moldar a base teórica para o trabalho com opostos. 

Em suma, a Psicossíntese trabalha com a hipótese de que qualquer emoção ou reação tem um oposto, e a tarefa é a de unir e criar uma síntese entre os dois. O que traz a síntese é o que o eu-ativo, o observador, o fator de controle no ser humano, e, mais tarde, o Eu superior.
Assagioli concordava com Freud que, a cura de traumas de infância e o desenvolvimento de um ego saudável foram os objetivos necessários. Mas, em linhas gerais, o seu trabalho tentou mostrar que o desenvolvimento humano não para por aí, e que a pessoa saudável tem um potencial de crescimento, o que Maslow, mais tarde deu o nome de " autorrealização ". Mostrou que o potencial humano também tem a possibilidade de experiências com as dimensões espirituais e transpessoais.

Assim, a Psicossíntese é a mais antiga precursora da psicologia humanista e transpessoal da década de 1960, que constitui a terceira e quarta onda na história da psicologia ocidental.

Era importante para Assagioli que a Psicossíntese fosse vista como um sistema psicológico aberto em contínuo desenvolvimento, ao invés de uma doutrina religiosa ou filosófica. 

Por isso, também foi importante para ele que as várias escolas e institutos, que surgiram em torno dos EUA e na Europa, eram independentes e não controlados centralmente. Ele não estava de todo interessado em liderar qualquer tipo de movimento ou organização, e se recusou a ter qualquer controle administrativo sobre o desenvolvimento da Psicossíntese .
Assagioli buscou criar uma psicologia com a síntese entre o misticismo oriental e a filosofia e a psicanálise ocidental e lógica.

Durante a segunda guerra mundial

O governo italiano fascista e antissemita de Mussolini colocou em suspeita as ideias e atividades do já famoso médico Roberto Assagioli, dado o seu teor pacifista e humanitário.

Em 1938, o Instituto de Psicossíntese em Florença foi fechado pelo governo. Naquele mesmo ano, Roberto Assagioli, foi preso e colocado em confinamento solitário por um mês. O que acabou sendo um momento de grande importância para o desenvolvimento da Psicossíntese. Assagioli afirma a seus amigos que o tempo na prisão foi uma experiência interessante e valiosa, que lhe deu a possibilidade de exercer a prática psico-espiritual. Sentindo-se impotente, ele fez uma importante descoberta: Assagioli descobriu que ele mesmo poderia escolher como reagir a sua prisão e tornar aquela experiência uma oportunidade para investigar as áreas internas de consciência através da meditação por várias horas diariamente, e escrevendo artigos sobre suas experiências. Mais tarde, ele relatou que nunca tinha sentido antes essa paz, e gostava muito de estar vivo. Ele trabalhou em um artigo sobre esta experiência , intitulado "Liberdade na prisão".

Em 1943, face a uma sistemática perseguição do regime aos judeus, apoiado por amigos, refugiou-se no norte montanhoso da Itália. Esta vida durante a guerra, sendo refugiado e necessitando dormir muitas vezes em porões, veio a enfraquecer sua saúde e de seu filho, Ilarios, que morreu de uma doença pulmonar grave na tenra idade de 28 anos. Nesta época, Assagioli, teve sua residência vasculhada e dinamitada, ficando destroçados e desaparecidos muitos dos seus escritos. Com a chegada das tropas aliadas, foi libertado em agosto de 1944. 

Na fase final da guerra, dirigiu um hospital neurológico na Holanda.

Em 1946, transfere-se para Florença e reabre o Instituto de Psicossíntese no edifício por ele adquirido na Via San Domenico 16, a caminho de Fiesole, o qual passou a servir de residência familiar e sede do seu Instituto.
Nesta data, Roberto deixa de exercer a Medicina para se consagrar totalmente a escrever, ensinar e propagar a Psicossíntese.

Importantes contribuições no campo psicológico

Em 1930, Roberto Assagioli publicou vários artigos, depois de seu primeiro livro: "Psicossíntese" em 1965.
Dentre eles, há dois que se destacam como bases para Psicossíntese: o primeiro artigo de 1933, ele apresentou pela primeira vez o diagrama do ovo, como uma imagem da psique humana, onde a relação entre o consciente, o inconsciente, e o inconsciente coletivo está delineado, estabelecendo as fases de psicossíntese; o segundo artigo é sobre crises ligadas ao desenvolvimento espiritual.

Assagoli participou de uma grande revolução no campo psicológico, nos anos 60, da psicologia humanista e transpessoal, juntamente a A. H. Maslow. A ideia diretriz era simples: em vez de se apegar à patologia para definir o ser humano (o que a psicanálise e o modelo medico da época faziam), ou se apegar às semelhanças estruturais que existem entre o sistema nervoso dos seres humanos e dos animais (o que sugeria o Behaviorismo), o ponto de vista humanista e transpessoal - sem negar as descobertas das outras escolas - insistia particularmente sobre a tendência do organismo a se constituir num todo, sobre as possibilidades de desabrochar, de ampliação da consciência que possui o ser humano, sobre os recursos que ele tem dentro dele para a saúde, a alegria e o amor.

A segunda grande revolução da qual Assagioli participou foi ousar questionar a visão parcial da Psicanálise (que ele mesmo introduziu na Itália) demonstrando no Diagrama do Ovo seu entendimento da psique humana. Reconhecendo o valor da obra de Freud, Assagioli refere nesse diagrama não só o inconsciente como fonte de instintos fundamentais e impulsos primitivos, de complexos carregados de intensa emoção, das atividades psicológicas elementares que dirigem a vida do corpo e a coordenação inteligente de funções corporais mas também o Inconsciente Superior, região da qual recebemos nossas intuições e inspirações superiores - artísticas, filosóficas ou científicas, "imperativos" éticos e impulsos para a ação humanitária e heroica. É a fonte dos sentimentos superiores, como o amor altruísta; do gênio e dos estados de contemplação, iluminação e êxtase. Neste domínio estão latentes as funções psíquicas superiores e as energias espirituais.

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Com esta declaração, Assagioli ousa também anunciar um paradigma distinto do que existia na época: observar, reconhecer e acolher a saúde presente nos seres independentemente do distúrbio que num determinado momento, os aflige. Não se trata de negar, negligenciar ou mesmo minimizar a queixa da pessoa e seu consequente sofrimento. Muito pelo contrário, a atitude é de respeitosa escuta e profundo acolhimento de sua vivência; é honrar aquilo que a pessoa expressa.

Qual a diferença, então, com a prática habitual dos profissionais da saúde da época?
A diferença está num principio psicológico fundamental que Assagioli formula da seguinte forma: "Somos dominados por tudo aquilo com que nosso eu se identifica. Podemos dominar e controlar tudo aquilo de que nos desidentificamos".
"Neste princípio, reside o segredo de nossa escravização ou de nossa liberdade", continua Assagioli. Sempre que nos identificamos com uma fraqueza, um defeito, um medo ou qualquer emoção e impulso pessoal, nos limitamos e paralisamos. Ao afirmar: "Estou com medo, estou irritado", ficamos mais e mais dominados por aquilo que sentimos no momento como se não houvesse nenhuma saída e nenhuma outra possibilidade de sentir. Desta forma, colocamos em nós mesmos os nossos grilhões. É como se fôssemos o medo, a ira, o desespero sem nenhuma outra alternativa que não a submissão a estes estados.
Quando, pelo contrário, podemos reconhecer que um estado de medo, de ira e ou de desespero se apresenta e dizemos para nós mesmos ou para os outros "Uma emoção de medo está se aproximando" ou "Um estado de raiva está se apresentando", a situação é muito diferente. Temos duas forças que se defrontam. De um lado, nosso "eu" vigilante e de outro o medo ou a raiva.
O "eu" vigilante não se submete a essa invasão. Ele pode, objetivamente, examinar o que está acontecendo, pode averiguar o que faz com que esses estados de medo ou ira sejam evocados, pode reconhecer seus fundamentos e/ou seu real significado. Pode trabalhar ativamente o estado presente sem reprimi-lo e sem submeter-se totalmente a ele.

O resultado do reconhecimento da identificação é a chave para que possamos não só sentir e reconhecer os aspectos limitantes de nossa personalidade (fase fundamental para que saibamos o que trabalhar internamente no processo de crescimento e desenvolvimento) como também nos favorece uma desidentificação paulatina. Deste modo, estamos mais centrados para lidar com a emoção presente da forma mais saudável possível.

Assagioli diz que "a reconstrução consciente e planejada da personalidade, através da cooperação e da relação paciente-terapeuta consiste em quatro estágios:

  1. Conhecimento da personalidade.
  2. Controle de seus vários elementos.
  3. Realização do verdadeiro Eu - a descoberta ou criação de um centro unificador.
  4. Psicossíntese: a formação ou reconstrução da personalidade em torno do novo centro." (Assagioli, Psicossíntese - Manual de Princípios e Técnicas, 1982, pág. 35).

É um processo que tem um ritmo e um tempo que varia de pessoa a pessoa. Não pode ser empurrado para frente nem apressado. Logo, demanda paciência. Mais do que resultados imediatos, a escolha, a vontade e a disponibilidade de entrar no processo é mais importante do que aparentes resultados.

Este estágio requer a coragem necessária para entrar em contato com eventuais conteúdos dolorosos e difíceis, assim como requer a determinação e a persistência de permanecer no processo para permitir a mais plena exploração possível do inconsciente.

À medida que o trabalho de exploração da personalidade se desenvolve, essencialmente através da auto-observação, a pessoa vai aprendendo a usar recursos para não se deixar "limitar e encarcerar" pelos vários elementos da personalidade. Este passo representa o segundo estágio do processo: "controle de seus vários elementos". Não estamos nos referindo a um controle rígido e autoritário sobre a personalidade; trata-se de um controle que, naturalmente, acontece quando a pessoa permite que o processo aconteça e assim encontra os meios apropriados para que as escolhas apareçam naturalmente.

O método mais eficaz para desenvolver um olhar de auto-observação, reconhecimento, aceitação daquilo que está presente em nós - defeitos, medos, emoções, impulsos - é o da desidentificação que se baseia no princípio psicológico da Psicossíntese.

Expansão da psicossíntese no mundo

A Psicossíntese começou a se espalhar para os EUA e Europa após a Segunda Guerra Mundial. Em 1957, "A Fundação Psicossíntese Research" foi criada em Delaware, EUA. Mais tarde, foi transferida para Nova York, e esta fundação publicou vários textos de Assagioli em Inglês. Em 1958, depois da visita de Assagioli lá, uma escola foi criada em Valmy, EUA, ocupada com a educação e pesquisa de Psicossíntese. Mais tarde, outras escolas de Psicossíntese foram estabelecidas nos EUA, Suíça, Áustria e Grã-Bretanha. 

Naqueles anos, Assagioli cooperou com A. Maslow, cujo artigo "A atitude criativa" foi publicado pela "The Psychosynthesis Research Foundation".

Durante as décadas de 1970 e 80, a Psicossíntese expandiu-se na América do Norte e Europa. Hoje é possível fazer um mestrado em Psicossíntese no instituto em Londres. 

Existem institutos de Psicossíntese na Suécia, Noruega, Finlândia e Dinamarca.

Hoje a Psicossíntese é reconhecida na Associação Europeia para Psicoterapias (EAP) com sua própria organização a "Federação Europeia Para Psicoterapeutas em Psicossíntese ".

Inspirações

Como CG Jung, Assagioli foi inspirado pelo misticismo e esoterismo oriental e ocidental. Como mencionado anteriormente, tanto sua mãe como sua esposa foram teosofistas. E a fonte da Teosofia da tradição Hindu / Neo-platônica é essencial em seu pensamento. 

A coerência com as tradições místicas orientais e ocidentais é clara em seu conceito do Eu, que muito se assemelha à descrição oriental de "Atman". 

Para Assagioli o Self é um núcleo de consciência e vontade, o que não é sinônimo de corpo, de emoções ou dos pensamentos. 

A autorrealização para Assagioli é uma evolução da consciência, onde expansões ainda mais elevadas de consciência levam a uma unificação com o Ser universal. Esses pensamentos também são característicos de yoga-tradições orientais. O elemento neo-platônico mostra em seu conceito de emanação.

Ele acreditava que, antes do desenvolvimento espiritual que tinha de haver uma psicanálise - não no sentido clássico da palavra -, mas uma transformação psicológica profunda.

Ele era um amigo próximo da esoterista Alice Bailey e se juntou a ela na Escola Arcana no início dos anos 30. Ele não queria publicidade sobre isso porque ele queria ser visto como um cientista, em primeiro lugar. 

Quando o psicólogo Jim Fadiman pergunta por que era necessário ficar em silêncio sobre suas filiações esotéricas, Assagioli disse:
"É a minha religião e, até eu morrer, eu quero silêncio sobre o assunto" (Schuller, 1988).

Falecimento

Com 86 anos, no dia 23 de agosto de 1974, falece Roberto Assagioli, em sua residência de verão Vila Serena, Capolona, Arezzo.